Solicitei á turma que escolhessem uma fotografia e que escrevessem sobre a mesma.
Depois de os declamarem em sala de aula, eu, aproveitando pequenas frases ou trechos dos mesmos contruí um poema que apresentei no último dia da nossa Oficina de Poesia, retratando tudo o que vivi e senti neste meu primeiro ano de partilha convosco. Sei que gostaram tanto como eu e deixo-o aqui, sendo um trabalho partilhado entre todos e representativo do ano 2013/2014.
Um bem hajam!
______________________
Rolam gordinhas
Estas lágrimas minhas
Pelo término deste ano…
Levo mais
Do que vos trago,
Não há nenhuma preferida
No meu próprio crescimento
De Ser em mutação.
Pela vida que percorro,
Piso as pedras de qualquer rua
A partir de um retrato próprio
Não apenas a minha,
Mas também a tua…
Daqui levarei o deslumbramento
E o olhar dos que buscam.
É sonhar-se uma rosa
E nascer um jardim…
Há várias personagens
E boas recordações!
Várias mutações…
Hoje respiro a aragem refrescante
Que inunda este meu Ser
Mergulho no seu encanto
Desta Poesia a crescer…
Faz brotar do interior
Mil sentimentos de emoção.
Livros, artigos, frases,
Mensagens, Internet
E até ler algumas palavras de jornal…
Tudo vale para o despertar
Como hora maior, jamais esquecida
A nossa bela e doce Poesia!
Semana após semana
Lemos, escrevemos,
Uns TPC’s à mistura!
E transformais sem querer
Meu dia a dia,
Em tapetes de rosas perfumadas.
Uma foto, um poema
Gravada em feliz momento.
Arquitetamos mil projetos
Que iluminam a serenidade,
Num poema… sem idade.
Neste dia à face da terra
Vislumbro o meu caminho…
Que o antes se tornou
Uma sombra do passado
Perdera a graça!!
Hoje, reluzente o futuro
Novos horizontes partilhados
Sorrisos rasgados
De um rumo realizado a percorrer…
Um mundo novo vim conhecer
E quanta beleza descobri!
Do vosso saber eu bebi!
Sonhos, sentimentos, desejos, emoções
E que terão muitas mais recordações
É como uma tela de arte
Neste parque sem idade
Que hoje nos dá a cortesia
Que abraça esta universidade
Mas onde cresce a cada dia
A nossa amada Oficina de Poesia!
Por, Oficina da Poesia da Uniseti de Setubal
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Fotopoema
Jardim do Bonfim
Trilhando os teus caminhos
veredas e pedrinhas
viajei da infância
à juventude
da ignorância à cultura
da província à cidade.
Ao som dos pássaros
na quietude das aguas
um mundo novo fui conhecendo
por entre canteiros floridos
quanta beleza descobri,
até mesmo para trabalhar
à tua beira fui parar
e durante dezenas de anos
te admirar
Mais tarde por entre flores
nasceu um amor para a vida
e como eram deliciosos
os bancos para namorar...
Tal qual o teu verde
desabrocha exuberante
também os meus filhos
cresceram em teu seio
brincando
uma bola, um cão, um pombo
entre sorrisos e lágrimas
unimos gerações
tal qual as tuas árvores
se entrelaçam e unem os ramos
hoje
as sombras são mais quietas
e o sol por entre elas declina
suavemente um calor terno
ameno
os ramos tremem os troncos caem
ou serei eu
de cabelos brancos
que te vejo com um novo olhar?
Por, Antónia Rosa
Trilhando os teus caminhos
veredas e pedrinhas
viajei da infância
à juventude
da ignorância à cultura
da província à cidade.
Ao som dos pássaros
na quietude das aguas
um mundo novo fui conhecendo
por entre canteiros floridos
quanta beleza descobri,
até mesmo para trabalhar
à tua beira fui parar
e durante dezenas de anos
te admirar
Mais tarde por entre flores
nasceu um amor para a vida
e como eram deliciosos
os bancos para namorar...
Tal qual o teu verde
desabrocha exuberante
também os meus filhos
cresceram em teu seio
brincando
uma bola, um cão, um pombo
entre sorrisos e lágrimas
unimos gerações
tal qual as tuas árvores
se entrelaçam e unem os ramos
hoje
as sombras são mais quietas
e o sol por entre elas declina
suavemente um calor terno
ameno
os ramos tremem os troncos caem
ou serei eu
de cabelos brancos
que te vejo com um novo olhar?
Por, Antónia Rosa
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Poema "Criança"
Ao princípio eras tu.
A alegria, a liberdade,
a sabedoria de nada saberes
e a leveza de ainda não teres
de carregar com o mundo.
E assim foste sendo,
em larga correria de vento
de ti para ti,
e era tanto esse teu mundo.
Porém, o tempo é uma veloz estrada
que se encurva
e, estendendo-se, a seu jeito, nos
arremete para desconhecidos
que nos irão fazer.
É, então, aí, que tudo começa a desdobrar-se,
e que tu, ou já outro que tu ainda,
te sentiste sacudido pelos deslumbramentos
de descobrires que as raparigas floriam
e que já era maio no teu corpo.
E é nesse exacto ponto,
como quem espeta uma lâmina
na carne espantada,
que ficaste para trás,
enquanto a esse outro, que tu ainda,
o vias desaparecer por uma dessas curvas
que no tempo há.
Porém, embora isso, continuaste a aparecer.
Foste aparecendo sempre.
Não sei como entras
nem como sais. Sei que dou por ti
em devaneios cá dentro.
Mas é em sonhos que resplandeces
em total nitidez. Sendo num desses sonhos
que me levantei e, decidido,
fui nos teus passos. E tal chegou a ser a proximidade
que estendi a ousada mão
para te acariciar, mas tu, esquivo e leve
como um animal solto, fugias sempre.
E curiosamente, quanto mais fugias
mais piqueno eras: tu recuavas no tempo,
eu não.
Depois, desapareceste por entre os escombros
de recuadas e indecifráveis memórias,
e eu sempre no teu encalço.
É então, que o espanto dos espantos:
e tu de novo, mas agora tão criança ainda
sentada ao colo de uma mulher
de onde me olhavas protegido e curioso.
Enquanto ela, coisa tão estranha, bem mais nova
que eu agora,
olhava-me com uma tão profunda serenidade
que, me atravessando, parecia estender-se
para dimensões que não sei dizer.
E eu, esse desajeitado de sempre,
que nem uma flor sequer para lhe estender.
Caí aos pés daquele sagrado, a cara no chão
e mais não sei...
Sei que desde então desapareci.
Que nunca mais soube de mim
e que desde então, também,
tudo o que faço e digo e sou
mais não é,
que andar em minha procura.
Por, João Santiago
A alegria, a liberdade,
a sabedoria de nada saberes
e a leveza de ainda não teres
de carregar com o mundo.
E assim foste sendo,
em larga correria de vento
de ti para ti,
e era tanto esse teu mundo.
Porém, o tempo é uma veloz estrada
que se encurva
e, estendendo-se, a seu jeito, nos
arremete para desconhecidos
que nos irão fazer.
É, então, aí, que tudo começa a desdobrar-se,
e que tu, ou já outro que tu ainda,
te sentiste sacudido pelos deslumbramentos
de descobrires que as raparigas floriam
e que já era maio no teu corpo.
E é nesse exacto ponto,
como quem espeta uma lâmina
na carne espantada,
que ficaste para trás,
enquanto a esse outro, que tu ainda,
o vias desaparecer por uma dessas curvas
que no tempo há.
Porém, embora isso, continuaste a aparecer.
Foste aparecendo sempre.
Não sei como entras
nem como sais. Sei que dou por ti
em devaneios cá dentro.
Mas é em sonhos que resplandeces
em total nitidez. Sendo num desses sonhos
que me levantei e, decidido,
fui nos teus passos. E tal chegou a ser a proximidade
que estendi a ousada mão
para te acariciar, mas tu, esquivo e leve
como um animal solto, fugias sempre.
E curiosamente, quanto mais fugias
mais piqueno eras: tu recuavas no tempo,
eu não.
Depois, desapareceste por entre os escombros
de recuadas e indecifráveis memórias,
e eu sempre no teu encalço.
É então, que o espanto dos espantos:
e tu de novo, mas agora tão criança ainda
sentada ao colo de uma mulher
de onde me olhavas protegido e curioso.
Enquanto ela, coisa tão estranha, bem mais nova
que eu agora,
olhava-me com uma tão profunda serenidade
que, me atravessando, parecia estender-se
para dimensões que não sei dizer.
E eu, esse desajeitado de sempre,
que nem uma flor sequer para lhe estender.
Caí aos pés daquele sagrado, a cara no chão
e mais não sei...
Sei que desde então desapareci.
Que nunca mais soube de mim
e que desde então, também,
tudo o que faço e digo e sou
mais não é,
que andar em minha procura.
Por, João Santiago
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