Eu guardo dentro de mim a liberdade de pensamento.
Ela voa solta com o vento e toca quente
num portento de glória, onde a história tem lugar.
Enquanto tiver sopro, vou ficar...e ninguém vai afastar
este meu sonho de conquista, este sonho altruísta
amarrado aos nenúfares da fantasia,
escondido do peso da hipocrisia e das ideias tormentosas
que fazem da pessoa humana um barco à deriva em alto mar.
Eu quero escrever um poema de amor!
Paralisei quando te encontrei.
E não sei porquê, dei por mim a parar em qualquer lugar,
não sei porquê...a suspirar de encantamento e ao ver-te
não te via, porque falar-te não podia.
Eras a minha fantasia.
Livre não sou,
Tu és a vida que eu não agarrei. Tu és o amor que eu sonhei
e nunca vais saber quem sou.
Livre não sou.
Dediquei-te a mocidade do tempo que já passou.
De, Anna Netto
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Miguel Torga
Miguel Torga nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta,
concelho de Sabrosa Trás os Montes, aldeia onde cresceu e que o havia de marcar
para toda a vida. De nome Adolfo Correia da Rocha, adoptou o pseudónimo de Miguel
Torga (torga é o nome dado à urze campestre que sobrevive nas fragas das
montanhas, com raízes muito duras infiltradas por entre as rochas).
Depois de uma breve estadia no Porto, frequentou apenas por
um ano, o seminário em Lamego. Em 1920 partiu para o Brasil, onde foi recebido
na fazenda de um tio. Regressou depois a Portugal acompanhado do tio, que se
prontificou a custear lhe os estudos em Coimbra. Em apenas três anos fez o
curso do liceu, matriculando se a seguir na Faculdade de Medicina, onde
terminou o curso em 1933. Exerceu a profissão na terra natal, passou por
Miranda do Corvo, mas foi em Coimbra que alguns anos mais tarde acabou por se
fixar."Atordoado na meninice e escravizado na adolescência, só agora podia
renascer ao pé de cada rebento, correr a par de cada ribeiro, voar ao lado de
cada ave", pouco sociável, mitigou a solidão rodeando se de livros. Foi
logo após ter entrado para a universidade, que deu início à sua obra literária,
com os livros"Ansiedade" e "Rampa".
Só em 1936 passou a usar o pseudónimo que o havia de
imortalizar. Desde a década de trinta até 1944, escreveu uma obra vasta e
marcante, em poesia, prosa e teatro. Não oferecia livros a ninguém, não dava
autógrafos ou dedicatórias, para que o leitor fosse livre ao julgar o texto.
Foi várias vezes candidato a Prémio Nobel da Literatura. Ganhou vários prémios
entre eles, o Grande Prémio Internacional de Poesia e em 1985 o Prémio
Camões.
Com ideias que se demarcavam do salazarismo, foi preso e
pensou em sair do país, mas não o fez por se sentir preso à pátria e a Trás os
Montes, longe do qual seria um "cadáver a respirar". A sua
poesia reflecte as apreensões, esperanças e angústias do seu tempo. Nos volumes
do seu Diário, em prosa e em verso, encontramos crítica social, apontamentos de
paisagem, esboço de contos, apreciações culturais e também magníficos textos da
mais alta poesia. Toda a sua obra, embora multifacetada, é a expressão de um
indivíduo vibrante e enternecido pelas criaturas, tremendamente ligado à sua
terra natal.
Faleceu em 1995. Em 1996 foi fundado o Círculo Cultural
Miguel Torga.
Fonte: http://www.truca.pt/ouro/biografias1/miguel_torga.html
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