terça-feira, 19 de dezembro de 2017

2018

Recebi há pouco este poema de Carlos Drummond  de Andrade através de um amigo e resolvi partilhar. Não conhecia e gostei muito.

Um Santo Natal e que 2018 nos receba a TODOS de braços abertos, com muita alegria, saúde, paz e humanidade...

REINAUGURAÇÃO
Entre o gasto Dezembro e o florido Janeiro,
entre a desmitificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
e como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.
Nossa idade – velho ou moço – pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza, a exacta
beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas em redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.
Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos olhos gulosos
a um sol diferente que nos acorda para os
descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de 1.º de Janeiro

e desenvolve na luz o seu frágil projecto de felicidade

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Imagens

Foram distribuídas imagens aleatórias aos alunos, tendo estes que elaborar um quarteto em aula, baseado na imagem escolhida. Após a leitura dos seus quartetos, foi-lhes facultado um tema para cada um e teriam de elaborar um Soneto Inglês que é constituído por 3 quartetos  na rima AbAb e um dístico/par em que o primeiro quarteto seria o efectuado na aula.

Deixo aqui alguns exemplos:

Ser

Nas suas mãos repousa
a luz que havia no meu ser
ele abrir as mãos não ousa
para entre elas a reter

A luz era a minha personalidade
aquilo que me movia dia-a-dia
era ele que a retinha com ansiedade
pois para todo o sempre a queria

Sabendo que eu a queria de volta
fingiu não perceber a pretensão
não queria que eu andasse solta
e a tal proibia qualquer alusão

De tanto a querer e me querer
acabou, evidentemente por me perder.

Por, Fernanda Matias


Crescer

Em equilíbrio precário
Desafiando o destino
Assim é o meu fadário
Desde os tempos de menino

Como um perfeito aramista
Lá fui guiando os meus passos
Muitas vezes pessimista
mesmo assim criei os  meus laços

Porém não tive o cuidado
Ao pôr a rede de protecção
E acabei estatelado
Sem saber, no meio do chão

Com isso pude aprender
Que o errar nos faz crescer.

Por, António Alberto


Paz

Nas Tuas mãos...a esplendorosa Luz
Na face, o transparecer da serenidade
No coração o perdão que vem da cruz
Acende em nós a chama da eternidade

A Tua voz ecoa no íntimo do meu ser
De tão pequena, confundo os sentimentos
por Deus queria tanto Contigo aprender
Mas envolve-me os descontentamentos

No embaraço sempre a deslaçar da maldade
Que contra mim joga e vem sem a desejar
Cruel é a vida com esta absurda realidade
Mas nunca vou deixar de sentir e acreditar

Porque o que fazes de mal só a ti prejudica
Porque a grandiosa Paz...só em mim...fica

Por, anna netto


Tercetos

Foi solicitado aos alunos que elaborassem um poema feito com 8 tercetos mas dentro da estrutura de um organigrama (Um desafio) em que o tema fossem os próprios .

Deixo aqui imagens dos trabalhos dos três alunos que fizeram um esforço por colocar os tercetos, realmente num organigrama (Embora tal não fosse obrigatório...)







segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Limerick

Limerick é um poema monostrófico, com origem na Irlanda. Tem em Edward Lear o "seu pai".

É formada por 2 versos maiores, seguidos por 2 menores e encerrado com 1 verso maior. Os maiores rimam entre si, acontecendo o mesmo com os menores. O último verso rima com o primeiro ou termina com a mesma palavra. O tema deverá ser a sátira/galhofa/ironia e deverá sempre ter uma personagem.

Tem mais técnica através do número de sílabas, mas aqui na aula apenas nos centrámos nos versos/tema/personagem.

Deixo aqui um exemplo:

Maria queria pôr dentro da alcofa
Qualquer coisinha doce e fofa
Um Tonyzinho instantâneo
Com corrector momentâneo
Sem parecer troça ou galhofa

Por Anna e Irina

Citação

Foi dada a citação:
" Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fossemos de ferro"

Foi solicitados aos alunos que escrevessem um poema satírico sobre esta citação.
Deixo-vos alguns trabalhos:

Como se fossemos de ferro

É tão grande a discrepância
Entre o passado e o presente
Que a gente ás vezes sente
Que não tivemos infância

Já poucos dão importância
À honra, à moralidade
Vivem na perversidade
A abusar da confiança

E a gente lá vai andando
Pesada cruz carregando
Neste mundo tão austero

Sem saber como fugir
Fingimos nada sentir
Como se fossemos de ferro

Por, António Alberto


Somos
De tenra idade
Feitos
E é na dura lida
Que ela se endurece
É a forja da vida
Que a tempera
E enrijece

Ás vezes
Somos tão frágeis
Tão já a pó reduzidos
Tão por aí ao Deus dará
Que é um rir pra não chorar
É um fingir
Como defesa ou arremesso

Conveniente se torna então
Fazer de cada escuro dia
Claridade
Candeia que alumia
Que isto de existir
É
Um eterno
Recomeço

Por, Alberto Dias


Estamos em Portugal

Com o look bem cuidado
Mas em money para o uber,
opta por um footing,
apanha o bus

É preciso manter
A lifestyle!

Pega no smartphone
vai à net
faz alguns likes
no face, no twitter...
(Eles merecem!)

Começa,
bastante down,
a googlar alguns sites...

Que stress:
para aliviar,
talvez ao fim da tarde,
um spa...
Ah, não dá!

Mas talvez fique por um
cooking gourmet!
Vai dar um help!

E tu que ouves distraído, perguntas:
Que se passa?
Que língua estranho é essa?

Não te espantes:
é o presente/futuro de Portugal
aprende,
(e de cor)
é uma portuguese teenager
no seu melhor!

Por, Fernanda Matias

Poeta - Laurinda Rodrigues

Levei para a aula o livro de Poesia " Vertigens do Ser" de Laurinda Rodrigues.
Foi lido um poema do livro e foi solicitado aos alunos dissessem a primeira palavra que lhes viesse à cabeça e que escrevessem em casa um poema que andasse (à volta) dessa palavra.

Surgiram trabalhos muitos bons, pelo que aqui deixo alguns.
Não quer dizer que os restantes também não o fossem, mas não posso colocar todos...

Felicidade

No meu quintal o mundo começava.
Era grande,
Do tamanho da aldeia onde vivia
lá longe,
Atrás das serra, o mundo acabava.
Era aí que o céu nascia.
Na encosta, o trigo ondulante
fazia-me sonhar com o mar.
Nesse tempo eu tinha tudo
nada me faltava...
A figueira
As pedrinhas da calçada,
havia a mãe...
A certeza de ser amada.

Por Conceição Limão



Simulação

Simulação, fingimento,
Faz de conta , imitação do real;
Por vezes são mentiras com polimento.
Dos factos, ambiente virtual,
Fugaz máscara de Halloween,
Arremedo ridículo de carmim.
Por vezes engano e aparência
De opala, topázio, turmalina,
Camuflada transparência;

Mas, só inventar, imaginar;
Artifício, dissimulação,
P'ra ver o que seria, se fosse...
Uma espécie de agridoce,
Máscara, camuflagem,
De Channel maquilhagem,
Só imaginar, disfarce, aparência,
Com decência.

Porém fingimento poético,
Pleno de sentimento ético;
É transformar matéria em Arte,
Ir e voltar de Marte,
Sonho nascido da emoção;
Simulação!

Por Elmano

Poetas do mundo

Foi solicitado aos alunos que trouxessem um poeta e um poema do próprio com a única regra, que não fosse português, nem brasileiro.

Deixo aqui exemplos que trouxeram:

- Emily Dickinson
- Pablo Neruda
- Mia Couto
- Victor Jara
- Leonard Cohen
- Victor Hugo
- Golgona Anghel
- Alda Lara
- Lars Forssell

Foi uma aula muito enriquecedora!

Início do ano lectivo

Começámos o ano com o poeta Evgueni Evtushenco

Poeta Russo, do período literário pós-estalinista da União Soviética e autor de Babi Yar ( 1961), sobre o massacre de quase 34 mil judeus ás mãos dos nazis em Kiev.
Nasceu em Julho de 1932, morrendo em Abril de 2017.

A aluna Irina leu um poema em russo na aula e na semana seguinte trouxe o mesmo poema já traduzido por si mesma que aqui deixo.

Os mistérios
De Evgueni Evtushenco

Os mistérios da adolescência imatura,
desapareceram como neblinas.
Tudo era enigmático na altura,
Plantas, pessoas, Albertos, Albinas.

Eram misteriosas flores, estrelas,
Aves, aviões, tempestades e velas...
O ranger das portas, pareceu pedidos
de ajuda, os adultos não lhes davam ouvidos.

Nós sussurrávamos misteriosamente
E as ondas também sussurravam.
E, como dois enigmas inocentes,
Duas mãos se encontravam.

Surgiam os mistérios novos
Como truques de mágico brilhante
Que os tirava como os ovos
do chapéu gasto mas elegante.

De repente chegou a maturidade,
o mágico sumiu como a imagem da areia,
Ele desinteressou-se da nossa idade
E foi actuar na infância alheia.

E deixou-nos sentir saudades
Da magia das nossas tristezas,
Dos mistérios das tempestades,
dos segredos das estranhezas.

E quando se aproxima uma mão
acariciando carinhosamente,
Já não é um enigma, oh não,
É, apenas a mão, pura e simplesmente.

Conheci e aceitei o paradigma.
Mas ando a repetir o que se deseja:
Deixem-me encontrar um único enigma,
Um mistérios, por mais pequeno que seja.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Jaja and all star Alex - SYTYCD season 12 top 6

Step Up Miami Heat - Restaurant Flash Mob

Vilancetes

Deixo-vos alguns trabalhos sobre Vilancetes


Arrábida Serra Mãe

Arrábida minha querida serra mãe
Não quero jamais, separar-me de ti
Foi do teu ventre, que um dia nasci

Um profundo oceano te enleia
Num lindo azul infindável
Tornando-te paraíso único e agradável
O vento soprando, tua flora penteia
Visto ao longe, teu relevo no céu serpenteia
Beleza rara como a tua nunca vi
Foi do teu ventre, que um dia nasci.

Ao penetrarmos na tua densa vegetação
Tão única, tão bela e imperiosa
Flutua no ar a tua flora cheirosa
Que nos oferece paz de alma, uma benção
nos envolve numa extasiante absorção
fauna imensa e diversa como nunca vi
foi no teu ventre, que um dia eu nasci

Por, Mário Santos



Viajo no tempo
Num rasto de luz
Que me seduz e conduz

Espaço fora o assumo
Toda a alma e coração
Mergulho na imensidão
Os meus sentidos aprumo
O infinito é o meu rumo
Neste caminho de luz
Que me seduz e conduz

Num silêncio pacificador
Oiço a música dos anjos
Unida ao céu e aos arcanjos
Um melodia de amor
De magia e fulgor
Nesta inebriante luz
Que me seduz e conduz

Por, Maria de Lurdes Louro

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Poemas livres

Foi solicitado aos alunos que elaborassem um poema completamente livre. Dos que me entregaram escolhi estes:

Desejo insaciável

Chega o inverno, vais-te embora
Levando contigo o meu desejo
Os dias passam e não vejo a hora
De sentir de novo esse teu beijo

Quando estás para chegar
Aumenta em mim a saudade
Até sinto o peito arfar
Nesta tão louca ansiedade

Ao pensar na tua essência
Cresce-me água na boca
Nessa tua adolescência
Tão quentinha como louca

Para mim és divindade
Não me consigo controlar
No desejo que me invade
Na ânsia de te beijar

Só no verão posso ter
Esse teu sabor delicioso
Para me poder satisfazer
Num vai e vem tão gostoso

Adoro dar-te dentadinhas
Antes de comer-te por completo
Que saudades das pequenas sardinhas
O meu manjar predileto


Por, Mário Santos
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Eu queria sorrir

Sorri, eu pudesse sempre
Se estivesses ao meu lado
Junto ao meu peito presente
Sentir o teu doce afago!

Sorrir, eu pude um dia
Quando estavas junto a mim
Ouvindo as doces melodias
Na tua voz de cetim...

Sorrir, oh doce alegria!
Se voltares para o meu regaço
A meu lado, noite e dia
Envolvidas em teu abraço

Vem, traz-me o sorriso de novo
Chega com teu grande fulgor
Vem com teu olhar de fogo
Embriagar-me de amor!

Unidos, nós sorriremos
Das desilusões da vida
Nós dois, um só seremos
Iremos de cabeça erguida!

Por, Luciana Rocha
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Canção de estudantes


Nicolau Copérnico esforçou-se muito
Para confirmar a rotação dos planetas
O pateta, só devia embebedar-se
Para nem a sombra da dúvida ter aparecido.

Cristóvão Colombo fez uma viagem perigosa
Para encontrar o novo continente
Era melhor ter encontrado uma cervejaria
Para se sentir satisfeito e contente

Isaac Newton trabalhou como um galego
Para provar a atração dos corpos.
Maluco, devia apenas apaixonar-se
Para que as dúvidas se esfumassem.

Charles Darwin inquietou-se imenso
Para demonstrar a procedência da vida.
Ridículo, só devia casar-se para
nesta experiência, não se sentir perdido.

Leiam e estudem de vez em quando,
Os testes e exames vão passando.
Então, encham os copos dos seus vizinhos,
Apaixonem-se, casem-se e bebam vinhos!

Por, Irina Lyubomirskaya

HAICAI/HAIKU

haicai, conhecido entre os japoneses e em quase todos os países como haiku, é uma modalidade poética originária do Japão, que prima principalmente por sua brevidade, pela clareza e por ser estritamente objetivo. Estes poemas são construídos com apenas três linhas – na primeira e na derradeira aparecem cinco caracteres japoneses, correspondentes as nossas tradicionais sílabas; sete sinais definem o segundo verso.

Fonte: http://www.infoescola.com/literatura/haicais/

Deixo aqui alguns exemplos, elaborados pelos alunos da Oficina da Poesia:

Expetativa


Maravilhoso
Campo de malmequeres
Amor risonho

Enamorados
Mal me quer, Bem me quer
Ternos afagos

Intimidade
Volúpia amorosa
Cores, matizes

Paixão sentida
Brilham as estrelas no Céu
O mundo suspenso!...


Por, Maria de Lurdes Louro Simas

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Os sons da manhã,
Despertam os alegres
trinados das aves

Brotam as flores
Exóticas, perfumando
A manhã quente

A água da nascente
Desce sussurrante
Refrescando o ar

Dormem as águas
tranquilas do lago,
Nascem nenúfares

O rio que desce
Melancólico, busca
O lago outonal

O sol da manhã
Desvanece a neve
Pendente dos ramos

Depois da chuva,
brilham diamantes
Nas gotas que ficam

O sol despertou
Vencendo a neblina,
Floriu a campina

O vento suão
Transforma a campina
Mudando-lhe a cor

Nas noites de junho
Saltando fogueiras
Com risos de fumo

Nas noitesserenas,
Cantam em serenata
Os grilos no pasto.


Por, António Alberto



Epopeia

Falámos sobre o género "Epopeia" e a título de desafio, foi solicitado aos alunos que tentassem fazer uma Epopeia com o máximo de ...