domingo, 11 de dezembro de 2016

José Luis Peixoto

Foi lido na aula a biografia e 3 poemas de José Luis Peixoto e após ter lido o "Arte Poética", solicitei aos alunos que fechassem os olhos e que se lembrassem de um cheiro que lhes despertasse os sentidos e que escrevessem a primeira coisa que lhes viesse à cabeça. E aproveitando essa primeira memória, que a desenvolvessem num poema descritivo desse cheiro...
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O aroma da festa

Não houve Natal na altura do "Comunismo"
Nem quaisquer outras festas religiosas,
Elas foram proibidas completamente.
Houve uma única festa diferente,
A passagem de ano,
Que trazia alegria e libertação da ideologia.
Todas as casas, por mais pobre que fossem,
Enchiam-se do cheiro desta festa.
O aroma foi composto
Pelas duas fragrâncias,
De uma árvore coberta de agulhas,
Que na altura nunca foi sintética,
E das frutinhas redondas,
Amarelas ou cor de laranja,
Raras, na minha terra, e por isso valiosas,
Cascas daquelas frutinhas
Guardavam-se durante muito tempo
Para que o cheiro ajudasse
A manter em casa, o mais tempo possível,
A sensação desta festa,
Singular e muito esperada
Por toda a população do país do "Comunismo"


Por, "Irina Lyubomirskaya
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Odores

A casa era térrea.
Grandes espaços a envolviam.
Eu era uma miúda que gostava de observar...
Abri a janela do meu quarto:
Fiquei a olhar a vastidão de terra seca
preenchida por algum restolho...
O verão estava no seu auge. O calor sufocava...
Nada fazia lembrar a chuva,
Mas eis que ela apareceu assim,
De repente, acompanhada por trovões!
Era a trovoada, Dizia a mãe!
Também fazia sol ao redor daquela nuvem cinzenta.
A nuvem escura, depressa desapareceu...
O arco-íris formado, me atraía...
Para mim era um mistério...as cores deslumbrantes
fascinavam-me!
Donde sairia aquele leque de tons maravilhosos?
A chuva depressa passou,
ficando no ar um cheiro intenso a terra molhada,
de tons mais escurecidos...
Era um cheiro forte e activo,
Absorvente e inesquecível seguramente...
Esse odor ficou-me impregnado nos meus sentidos
desde esse dia, ao longo da minha vida...
Esse cheiro a terra molhada, regada, amolecida,
desperta em mim a certeza de mudança,
do ressurgimento de vida nova,
da esperança em novas colheitas...

Por, Luciana Rocha

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